Saindo de casa

10 de out. de 2018

Pensei em diversos tipos de começos de textos para começar este, mas não vem com naturalidade justamente por não saber como escrever sobre isso. Que na verdade, na verdade, esse é um sonho antigo e desde que sou gente (ou me considero gente) tenho vontade de sair da (c)asa dos pais, talvez para conhecer um pouco da vida com as minhas próprias mãos, talvez para apanhar um pouco e também lidar com umas diferenças (isso porque escolhi me mudar para uma república que ficasse do lado do trabalho).

Sempre tive uma vontade interior de sair da casa dos meus pais, isso desde criança, saberia que esse (talvez) seria o marco para uma fase adulta. Provavelmente uma vida ainda não totalmente sozinha, porque escolhi dividir uma casa com vários roomies de vários lugares. Tem um pessoal bem mestiço. E estou ansioso para ver os frutos que tudo isso irá render, as histórias e as experiências que serão acrescentadas no meu pequeno histórico de experiências.

Não vou negar que é um medo constante, uma dor no coração, apesar de não morar mais 100km dos meus pais (do meu cachorro, dos meus irmãos). E já digo que será difícil acostumar em não ser acordado pelo meu irmão mais novo, o Lucas, nas manhãs de sábado porque ele passou de uma fase que ele demorou anos para passar no jogo que ele baixou no celular. Vou sentir saudade das noites que chegava em casa e tinha comida quentinha.

Percebo que nessa nova perspectiva da vida, terei que limpar minha própria bagunça e inclusive fazer compra no mercado, que não tem sido fácil, no mesmo dia chegam a ser 4 idas para comprar todas as coisas (e não esquecer, o que raramente acontece).

Crescer é um processo maravilhoso, porém incerto e as vezes dá um gelo no peito: como na primeira noite que olhei para canto da parede, para as rachaduras da parede, para o papel que está desgastado e descolando na janela. Aquilo pareceu tão longe de mim, tão página em branco, mas a melhor definição é que aquilo pareceu estranho. Na verdade, muito estranho.

Eu já tinha o costume de dormir fora, na casa de amigos, na casa do meu namorado. Mas nada na vida foi como aquilo – dormir sob o telhado que paguei com meu trabalho diário, dormir pelo direito de escolha que fiz. Foi uma noite engraçada, até porque na primeira noite eu não dormi de fato, porque um dos meus amigos me buscou em casa e consegui evitar por uma noite o fardo de encarar. E eu já estava disposto no dia seguinte dormir na casa dos meus pais, até que repensei e decidi que eu precisava de um pontapé, de um primeiro dia. E foi incrível.

Foi incrível pela energia, pela comida preparada por uma das roomies. Pela conversa, por se sentir acolhido, por mais que todo mundo seja diferente. A energia me deixou a vontade e acredito que agora tenho propriedade de colocar expectativas (esse é o motivo de estar com uma mochila abarrotada de coisas). 

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