A vida se faz na insistência
com veemência que eu devia fechar mais os olhos,
abrir mais a boca,
para sentir o gosto do vento,
o gosto da água que cai do céu,
logo estas coisas que dizem que nunca tem sabor algum,
um dia desses chovia e ventava, como é suposto em todos os finais de ano
a água continua com gosto de água,
o vento continua com gosto de vento,
e os olhos continuam fechados,
porque, analisando com os cabelos e roupas encharcadas,
fazia tempo que eu não sentia sede,
fazia tempo que o vento não fazia cócegas,
fazia tempo que eu não me surpreendia com simplicidade.
coisitas que amo
acabei de ver um tweet da k e comecei que amo largatixas. e me deu vontade de listar coisinhas que amo, para lembrar que a vida também tem suas coisas boas.
bem, primeiro largatixas
- encontrar coisas na rua, lixo ou luxo?
- visitar amigos e ficar abraçadinho em dias preguiçosos.
- encontrar lugares bons para comprar verduras e frutas.
- dobrar roupa limpa
- ignorar o celular
- quando consigo sentar corretamente o dia inteiro
- pegar sol (aprendi a amar)
- dias sem muito vento
- dores por causa de exercícios (masoquista?)
- finalizar livros
- quando o bolo dá certo (o alívio, pai)
- conversar com meu irmão por vídeo
- gente com boa conversa
- aulas de funk
- batatinha frita (eu sinto muita vontade de comer batata frita ultimamente)
- fazer mudas de plantas
- conseguir fazer skin care todos os dias.
aviso
eu lembro que costumava avisar quando ia ficar longe da internet para os leitores não ficassem preocupados (famosa). btw, o aviso é que esse domínio está quase para expirar (02/06) e acho que não vou renovar, porque tenho outras coisinhas em mente, outro domínio. mas o blog ainda vai continuar aqui, só muda a forma de acesso:
consumir e produzir coisas na internet
adele
escrevendo porque tenho saudade, acho que você também deve ter alguma saudade de quando a gente corria juntos e dos dias frios quentinhos na cama. com você dormindo do meu lado, feito gente. essa noite sonhei com você, das atrapalhadas, do jeito que corre doida quando não está na coleira.
que saudade.
foi um sonho gostosinho e acordei meio triste, não vejo a hora de ter pertinho. de não me sentir mais sozinho, de sentir amado do seu jeitinho, de te ensinar coisinhas bobas. te lambidinhas de manhã para me acordar, de lambinhas de tarde para eu sair do trabalho, de lambidinhas de boa noite.
que saudade.
12 livros
Listas porque somos viciados em listas, mesmo que a gente não cumpra, como no ano passado.
A canção de Aquiles - Madeline Miller
Ariadne - Jennifer Saint
Six crimson cranes - Elizabeth Lim
Atlas das nuvens - David Mitchell
Uma vida pequena - Hanya Yanagihara
A hora de estrela - Clarice Lispector
Enquanto eu não te encontro - Pedro Rhuas
Neuromancer - William Gibson
Lebre da madrugada - Arthur Malvisco
The starless Sea - Erin Mongestern
Cadernos do subterrâneo - Fiódor Dostoiévski
Razão e sensibilidade - Jane Austen
Mas estou confiante que vou ler todos!
Fingir
Tem um vídeo que eu vi ano passado e eu nunca mais fui capaz de esquecer, é um sobre uma apresentadora perguntando para a Rihanna o que ela faz quando não se sente confiante e ela simplesmente responde "eu finjo", veja aqui. Esse vídeo nunca mais saiu da minha cabeça porque nos vários textos que li na vida, um outro me marcou também e era justamente sobre isso: fingir, mesmo que você não saiba fazer algo, finja (exceto se for ferir alguém, como fingir ser médico).
A questão é:
Quer ser um escritor? Finja que é um escritor, pegue o seu computador, vá para um café, abra um documento word e digite meia dúzia de palavras.
Claro que apenas fingindo não vai chegar a lugar nenhum, mas acho que nos primeiros dias, fingir um personagem vai permitir você se habituar com aquilo que você quer, nesse caso escrever um livro. Dou esse exemplo porque é o que eu faço com o rapaz que divido apartamento, "desculpa cara, agora vou me dedicar ao livro que estou escrevendo, boa noite" eu digo, mesmo que eu sente apenas para escrever 400 palavras.
Cuidado, acho que o tipo de fingimento que estou tentando expressar é totalmente diferente do mentir a gente vê nas redes sociais, não é um fingimento para os outros, como estar feliz, comprar coisas, corpos de verão... É um fingimento para o corpo e a mente começar a processar quem você quer ser, quem você quer se tornar. Fingir só para internalizar.
é isso que estou fazendo
- ouvindo muita música em japonês.
- falando muito em inglês, sem ter vergonha.
- colocando projetos em andamento.
- procurando uma casa nova.
- morrendo de saudades do meu cachorro.
- com dor na coluna porque estou usando uma cadeira muito ruim.
- finalmente consegui limpar minha caixa de entrada de newsletter.
- comecei a arrumar a cama todos os dias e isso parece fazer muita diferença.
- desistindo de ter contato com portugueses porque eles são muito chatos.
- tentando escrever todos os dias, mesmo que só 200 palavras.
- pensando em mudar de carreira.
- em amor com modern love.
- viciado no notion.
(contém doses de irônia)
às vezes pode ser falta de sol
eu gosto de criar teorias malucas de saúde, sempre quando estou muito cansado, com preguiça, desanimado ou triste eu sempre jogo a culpa nas faltas de vitaminas ou porque deixei de pegar sol por muitos dias ou porque entrei para uma dieta vegana. o fato é que as vezes parece muito mais fácil jogar a culpa nisso e me dopar de sol num sábado, comprar vitaminas em uma farmácia e deixar na escrivaninha para tomar religiosamente todos os dias.
pegar sol, eu costumava odiar quando mais novo, hoje não vivo sem, sentir a pele esquentando e ficar testando até quando não der mais*. mas essas pausas para dedicar ao sol é um alívio, porque é algo muito simples de fazer, basta estender um pano num parque qualquer e deitar, se preferir pode só ir na sacada, quintal, rua, varanda, o que tiver. mas tenta pegar sol do jeito certo, aproveitando o momento, sentir o sol percorrendo os pedacinhos do corpo, tente pegar sol nas axilas.
depois de obter o verdadeiro placebo, me sinto renovado. quente e disposto para fazer tudo o que eu não fiz. a vida seria tão mais fácil se os dias tivessem mais sol. existem estudos que comprovem que falta de vitamina d deixam as pessoas realmente molengas, desanimadas e tristes. jogo tudo culpa nisso, como se não precisasse de terapia.
claro que sigo outras dicas de milhares de chás que dizem que é bom para uma série de coisas (que eu nem tenho, mas vai que), escrevo num diário, leio, corro, tento apreciar a comida longe do celular, aproveitar processos, sentir a dor no meu corpo por causa do exercício constante e tentar cuidar melhor dele. eu tento fazer um monte de coisinhas que não envolvem farmacêuticos para garantir que estou cuidando um pouquinho melhor de mim. pausas de sol, pausas são importantes. respirar fundo e olhar para o lado, porque às vezes só o que precisamos é mudar de rota e fazer algo que não temos costume.
desculpa não conseguir manter uma coesão nesse texto.
*por favor, passem protetor solar no rosto.